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09/11/2022Covid e Urbanismo
A pandemia e o isolamento social trouxeram mudanças profundas às nossas vidas e também às nossas relações. Muitas delas vieram para ficar. Claro que em questão de arquitetura e urbanismo isso não seria diferente. Aqui no nosso blog nós já falamos sobre como essa crise sanitária está influenciando mudanças nas plantas baixas das residências e na estrutura de restaurantes. Agora, neste artigo, iremos discutir como o isolamento poderá afetar as cidades e as questões de urbanismo. Confira.
1 – Carros: problema ou solução?
No último século cidades inteiras foram transformadas em funções dos automóveis. A propriedade de um carro era propagandeada pelo “american way” como uma forma de status e emancipação de uma classe média cada vez mais inchada. O resultado disso, nós já conhecemos; centros urbanos centralizados, engarrafamentos e emissões crescentes de gases poluidores.
É por isso que, nos últimos anos 40 anos, pelo menos, vemos urbanistas pensando soluções aos automóveis, entre elas o investimento em meios de transporte coletivos, as chamadas “cidades para caminhar” e medidas de “traffic calming”.
Mas e quando os carros se tornam uma das poucas opções seguras para locomoção, como aconteceu durante a pandemia? Para o arquiteto americano Duo Dickinson, esse período de isolamento mostrou que “os carros não podem ser enviados para o lixo do planejamento urbano, como previsto antes da pandemia”.
Ele aponta iniciativas de marcas como a Volvo que se dedica a produção de carros totalmente elétricos como uma possível alternativa. “ […] urbanistas irão, mais uma vez, imaginar maneiras de integrar carros silenciosos e sem emissões em um tecido urbano que passou duas gerações focado na eliminação do automóvel como denominador de grande parte da vida urbana”, conclui.
2 – Cidades saudáveis
A sustentabilidade dos centros urbanos é uma questão já amplamente debatida no que diz respeito ao urbanismo. Mas, agora com a pandemia, surge um novo conceito: o das cidades saudáveis. Esse modelo de cidade contaria com uma maior presença de áreas verdes e centros de recreação, calçadas mais amplas que possibilitam a circulação sem contato direto, entre outras medidas. Basicamente, mais espaço para as pessoas e menos para os veículos.
O arquiteto e presidente da Associação Espanhola de Proteção do Patrimônio, Fernando Espinosa de Los Monteros, defende um debate acerca da arquitetura saudável, tanto para indivíduos quanto para famílias, pensando também em gerações futuras, de forma que elas sejam capazes de sobreviverem a novas pandemias.
3 – Espaços Coletivos
Imagem: Un-Habitat
As pessoas sempre precisaram sair de casa e, o isolamento, só evidenciou isso ainda mais. Pensando nisso, a Un-Habitat (Agência das Nações Unidas Para o Desenvolvimento Urbano Sustentável) uniu forças com a Fundação Block by Block para desenvolver soluções urbanas em 10 cidades espalhadas pelo mundo, implementando espaços públicos seguros e saudáveis, especialmente em regiões mais pobres, onde há maior carência por áreas verdes e espaços de convívio. As iniciativas foram desde a instalação de playgrounds móveis para as crianças de Hanói, no Vietnã, passando pela construção de estruturas temporárias para vendedores ambulantes nas cidades de Dhaka e Khulna, em Bangladesh, até a introdução de espaços públicos seguros em assentamentos informais de Bhopal, na Índia.
Entre os objetivos das medidas estavam a descentralização e descongestionamento de mercados locais, promoção de saúde pública e saneamento básico, além de permitir que as pessoas pudessem retomar às ruas com segurança e confiança.
4 – Reinvenção do transporte público
A maior parte das cidades do mundo, como Nova Iorque e Hong Kong, registraram quedas históricas no uso do transporte público durante a pandemia, causadas pelo grande medo da contaminação nesses espaços. O grande número de pessoas que aderiram ao tipo de trabalho híbrido deverá representar uma queda no número de usuários nos próximos anos, em especial nos chamados períodos de hush , o que já seria um atrativo para a retomada dos passeiros.
Mas para especialistas, a normalidade no uso do transporte coletivo ainda deve levar tempo e também deverá passar por uma reinvenção na forma como esses serviços são ofertados, de forma a se tornarem mais inovadores, eficientes e. claro, seguros.
5 – Cidade das Bicicletas
Imagem: Buenos Aires Ciudad
Muitas cidades estão aproveitando as ruas vazias para implementar ou ampliar suas redes de ciclovias, uma vez que o menor movimento de veículos garante uma maior segurança aos ciclistas. É o caso da capital da nossa vizinha Argentina, Buenos Aires. Em agosto passado, a administração apresentou um plano para adicionar 60 km de ciclovias em mais de 12 de suas avenidas mais importantes.
As novas ciclovias foram projetadas para priorizar o conforto e o distanciamento físico (com três metros de largura) e a eficiência, com faixas unidirecionais conectadas a importantes eixos de transporte coletivo, como estações do BRT e do metrô. Os primeiros resultados já começam a ser observados com um aumento de 45% dos ciclistas na cidade.
A experiência argentina mostra uma vez mais que as bicicletas não são apenas uma questão de lazer, mas uma alternativa de transporte segura e eficiente, além de, claro, sustentável.
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